Olá pessoas!

Estou de férias do trabalho...20 dias!

Férias para mim é sinônimo de viagem. E esse ano consegui realizar o sonho de voltar a Nova York!

Foi uma decisão dificil, pois o dólar nao pára de subir. Quando comecei a planejar a viagem o dólar estava a R$ 3,20. No dia da viagem ele bateu R$ 4,00! Isso aumenta todos os custos e diminui o poder de compra. Mas quer saber? O dólar tá alto sim, mas ao menos estou empregada e tenho condições de ir então...Bora!


Em 2013 fui sozinha, e acabei encontrando amigos lá. Esse ano viajei com uma amiga e também blogueira, a Rosângela do blog Negra Rosa. Foi excelente, nao podiamos ter dado mais certo juntas. Foram 6 dias de andanças, risadas e compras. Tudo que uma mulher precisa de vez em quando pra relaxar hahaha!

Rosa & Eu, embarcando para NY


Chegamos em NY dia 10 de setembro. No dia 11 de setembro passamos o dia na Filadélfia, que fica a 1h20min de trem de NY. É uma cidade muito bonita, e histórica. Estava um dia lindo, pegamos aqueles BIG BUS para circular pela cidade, almoçamos por lá, e voltamos.











No dia 13 de setembro participamos de uma corrida/caminhada de 5km lá no Central Park. (sim, sou caminhadora de rua e nao ia perder a chance!) Uma corrida beneficente para arrecadar fundos para o combate ao câncer de mama. Ainda fizemos amizade com uma senhora que ficou encantada com o turbante da Rosa e fomos conversando por todo o percurso. No final ela fez questao de tirar uma foto conosco.




Ainda no dia 13 rolou um evento da revista voltada para a população negra, ESSENCE Magazine , chamado Essence Street Style. Rolou no Brooklyn, numa localidade chamada DUMBO (Down Under Manhattan Bridge) . Foi sensacional, só gente estilosa e bafônica passando por lá. Ainda tivemos a oportunidade de conhecer duas blogueiras americanas, a Taren Guy e a Jenell Stewart , que alias foi quem me avisou do evento via instagram!  Nesse dia ainda encontramos minha amiga Bia que mora em New Jersey, ela passou o domingo conosco e também se divertiu muito. 






Nos demais dias passeamos pelo Pier 17, East Village, SoHo , Harlem, TriBeca ...há quem viaje pra NY para conhecer os pontos turisticos...nós curtimos mesmo é andar pela cidade e observar tudo! Para nao fugir a regra, fui ao Empire State e ao Museu de Historia Natural. Em 2013 fui a Estátua da Liberdade, Memorial 11/9, no Metropolitan Museum,.. e dessa vez,claro, nao voltei. Mas ainda restou muita coisa a conhecer, então..tenho sempre motivos para mais uma viagem para lá!






Claro que também comprei várias coisas e em breve farei posts a respeito. Mesmo com o dolar alto ainda vale fazer uma forcinha e realizar um sonho!

Beijos!






Uma pesquisa realizada pela Fundação Institucional de Pesquisas Econômicas (Fipe), em 2009, mostrou que o preconceito étnico-racial é o segundo mais forte nas escolas brasileiras, atrás apenas de preconceito por questões físicas, como obesidade.



E ai eu vim ao mundo negra, e ainda na infancia, comecei a ter com problemas com o peso.
Sempre houve um motivo para piadas: era o “cabelo pichaim”, ou era a “bunda de tanajura”.  O que eu compreendia quando bem pequena é que isso nao era um elogio. Havia algo de errado comigo. E nao havia nada que eu pudesse fazer a respeito – não dá pra mudar o formato do seu corpo. Adultos não sabem o que causam numa criança quando fazem esse tipo de comentário. Deviam saber.

O racismo se encarregou de tornar todas as nossas características africanas indesejadas, odiadas: Nosso corpo - nariz, labios, o formato do nosso corpo, nosso cabelo, nossas formas, tudo é tido como errado, inadequado. Somos ensinadas a nao querer ser nós mesmas. 




Então o sentimento de inadequação sempre me acompanhou. Eu me sentia como a criança que destoava do padrão – Enquanto as outras meninas eram mais magras, tinham pernas mais finas, tinham o cabelo”melhor”, ali estava eu: cabelo bem crespo e curto, coxas e bunda maior do que todo mundo.  

Minha infancia foi marcada por tentativas de mudar o cabelo:  passa pasta, passa henê, ferro quente. E queima a testa, e arde o couro, e muitas vezes CAI. Com 9 anos tive meu primeiro corte quimico – meu cabelo ia se dissolvendo na pia da cabeleireira, enquanto sofria os efeitos do alisante Wellin, forte demais para o cabelo de uma criança. O cheiro da soda cáustica nunca saiu da minha mente.

Lá pelos 10, 11 anos, além do "cabelo pixaim", engordei. Então alem de mudar o cabelo, também tinha que mudar o corpo, porque eu era “fora do padrão” magro, esguio ...eurocêntrico. As primeiras dietas começaram na adolescência. Com 17 anos comecei a tomar remedios pra emagrecer . Emagrecia e voltava a engordar. E começava um ciclo de uso de anfetaminas que resolviam temporariamente a questao do corpo, mas nao definitivamente. Claro que eu nao tinha essa consciencia, entao só sabia que o mundo era de um jeito e eu era de outro, e eu tinha que tentar me enquadrar, nao importa como. E não conseguia. E sofria.

O sentimento de inadequação seguiu na vida adulta. E dietas, e permanentes, e alisamentos, e sucessivas tentativas de atingir um padrao que alguem criou. E por muito tempo esse sentimento de ser inadequada permeou minha relação com o mundo, amigos, amores...

Mas com a vida adulta veio a conscientização, o autoreconhecimento. Sou bonita SIM! Sou bacana, sou interessante, tenho valor. E a autoestima começa a se construir. Com vinte e poucos anos,nascia o desejo de usar meu cabelo como ele é, mas faltava informacao. E me achava muito gorda pra usar cabelo black. De novo, pensava que havia um padrão e que eu nao estava nele. 

E o tempo passa. E a vida me apresenta pessoas incriveis que me ensinaram a gostar de mim como eu sou. OBA, Sou negra e sou linda. Agora só precisava emagrecer uns 25kg , esperar o cabelo crescer e ficar igual o da atriz fulana de tal,  e tornar esguia pra ficar completa. ... #fail

Ao longo do tempo meu corpo foi mudando, emagreci. Mas nao importava o quanto – continuava grande para os padrões.  Que diabos, será que meu destino é esse?! Pensava eu. Olhando para trás, e com a consciencia que tenho hoje, vejo que em muitos momentos eu tinha um corpo absolutamente normal. Mas me sentia diferente. 

Vivemos num sistema cujo objetivo é fazer com que a gente se sinta inadequada e insatisfeita. E o fazem com perfeição.  E por um longo periodo da minha vida, sempre encontrei um motivo para NAO GOSTAR PLENAMENTE DE MIM MESMA.

Mas o tempo continuou passando. 4 anos atras tomei a decisão de usar meu cabelo de forma natural. Nunca mais usei quimica. Depois de 13 meses de transição no qual usei um megahair (coisa que nunca gostei, só usei em casos de urgencia) , adotei meu crespo natural e desde entao vivo feliz com ele.

Olhar-me no espelho e me ver como originalmente sou, e gostar disso. É uma revolução. É uma ruptura com padroes estabelecidos. É uma jornada para dentro de mim. É lindo, e nao tem volta. Meu cabelo é lindo, ele precisa de cuidados como qualquer outro. Posso um dia usar quimica novamente SE QUISER. Mas nao tenho nenhuma vontade.

E ao me reconhecer, passei a entender também o meu corpo. Minhas formas são as mesmas das minhas ancestrais africanas. Entender que esse é meu BIOTIPO, e não um problema, fez com que eu parasse de buscar um padrao que nao me pertence. Hoje me cuido para eliminar o  peso excedente que põe em risco a minha saúde. Dedico a mim o cuidado que meu corpo merece e precisa. Mas faço isso por AMOR, e não mais por REJEIÇÃO A MIM MESMA.




Aprender a me aceitar tal como eu sou, é um presente que me proporcionei.

Ainda vejo muitas mulheres – e ultimamente também homens – sofrendo por nao se acharem adequados. Que passam o tempo catando “ defeitos” em seu corpo, e gastando tempo precioso da vida tentando se enquadrar. Como eu mesma, no passado.

Só posso dizer: OLHEM para si mesmos. Busquem se reconhecer. Cada um de nós é ÚNICO e deve celebrar essa diversidade, e ama-la.  É insano criar um padrao para que bilhoes de pessoas se enquadrem. E tentar se enquadrar, é consumir um tempo precioso da vida – que deve ser usado para desfrutá-la, e não para sofrer!

Hoje sou crespa, sou grande e me amo assim. Sou feliz. E busco todos os dias a minha melhor versão. Essa é a minha grande transformação.  

E que cada pessoa possa alcançar a sua plena identificação com a sua imagem – corpo, cabelo, biotipo -  e seja feliz que é o que todos merecemos.











Parece que foi ontem....


Em Agosto de 2011 fiz meu ultimo relaxamento . Meu cabelo sofreu um corte quimico e quebrou todo na parte de trás. E a dermatologista me aconselhou a ficar um ano sem usar nenhum produto quimico – relaxantes, permanentes, progressivas, etc. Na epoca informou que era grande o numero de mulheres que estavam indo ao consultorio com o mesmo problema – fios quebrados devido a produtos quimicos.


Aproveitei a recomendacao medica e pus em pratica um desejo antigo – o de usar meu cabelo sem nenhuma quimica, usa-lo Crespo como ele sempre foi. Ja havia tentado anos atrás, mas por falta de informação nao aplicava os cuidados necessários, danificava o cabelo e acabava voltando para o permanente afro. 


Como meu cabelo estava muito danificado, optei por colocar megahair, que usei de novembro/2011 até janeiro de 2013. E dia 25/janeiro/2013 tirei o mega e comecei a usar meu cabelo natural.

Mega Hair em Janeiro de 2013, pouco antes do BC

Fotos do dia do BC - Big Chop, ou grande corte (entendedores, entenderao!rs)

Apesar de toda a excitação por finalmente fazer  algo que sempre quis, o começo foi dificil. Cheguei a tentar fazer (novamente) um relaxamento mas graças a DEUS uma profissional bastante consciente me disse que eu deveria fazer muitas hidratações no cabelo para recuperá-lo depois de tanto tempo usando o megahair, e voltar la depois de 3 meses. Continuei hidratando…e nunca mais voltei.

Marco 2014

Marco 2014


Bom, ja que era para cuidar, parti para a internet. E descobri um mundo de informações, de mulheres que estavam na mesma jornada, algumas comecando, outras ja há algum tempo. Blogs, sites, canais do You Tube, existe informação de sobra para quem hoje pretende cuidar do seu cabelo sem recorrer a produtos quimicos. E por esses caminhos da vida, me tornei moderadora, com mais duas amigas, de um grupo no facebook, o Crespíssimos que trata dos cuidados com cabelos sem quimica. Somos hoje 6mil mulheres unidas  pela vontade de cuidar do nosso cabelo tal como ele é.


A melhor palavra que define minha jornada é ACEITAÇÃO. Crianças negras foram criadas para rejeitar seu cabelo. A principal coisa que aprendemos desde cedo é que seu cabelo é ruim, feio e precisa ser modificado de qualquer maneira, a qualquer custo. A ferro, a fogo, a soda cáustica, a óleo quente e a tantos outros metodos ja inventados para “amansar” nossos fios. Muitas mulheres simplesmente NAO CONHECEM seu proprio cabelo, NUNCA O VIRAM NATURAL – porque ele foi modificado, relaxado, alisado, desde que elas eram muito pequenas. E muitas se surpreendem quando descobrem como seu cabelo realmente é.

Janeiro 2014

Um cabelo diferente a cada dia... a pergunta mais comum: Cortou? rsrsrs Nao! 

Ter um cabelo CACHEADO é relativamente mais fácil de aceitar – a midia ainda retrata mulheres negras com cabelos cacheados. Mas os CRESPOS ENCARAPINHADOS - como o meu, e que sao boa parte da população feminina negra brasileira - sao solenemente ignorados ou menosprezados, pela mídia e pela industria cosmética, e muitas vezes até nas redes sociais e grupos que tratam do assunto. 

Só muito recentemente isso tem mudado e algumas crespas tem aparecido em algumas peças publicitárias. Mas quando você tem muita certeza do que quer, nao ter um referencial externo não é um problema. Seu referencial passa a ser VOCÊ MESMA e as possibilidades que você descobre na sua jornada. Além das mulheres incríveis que conheci através do mundo crespo - lindas, inteligentes, antenadas, e que fazem um trabalho sensacional de empoderamento e aceitação da mulher negra. Essas sim, sao meu referencial. 

Fevereiro 2014
Falando por mim:  foi a melhor decisão que tomei nos ultimos tempos. AMO meu cabelo, sempre me identifiquei com ele e agora tenho formas de cuidar dele como necessário. No grupo compartilhamos dicas, receitas caseiras, recuperamos cuidados que nossas avós tinham – e funcionam muito bem. Acima de tudo, recuperamos nossa história, nossa ancestralidade. Nossa IDENTIDADE.

Turbantes, a mais nova paixao!


Ser ou nao crespa natural EH UMA OPÇÃO. O mais importante é descobrir que a quimica é APENAS UMA POSSIBILIDADE. Aliso, relaxo, escovo  SE E QUANDO EU QUISER. Nao eh mais uma obrigação para que eu me sinta bonita, aceita. O futuro é uma incognita, mas posso dizer que hoje, a quimica nao me faz nenhuma falta!

Marco 2015


Permita-se experimentar. Recomendo!