Uma amiga compartilhou este texto no facebook e eu achei sensacional. Precisava compartilhar aqui no blog.
5 mentiras que devemos parar de contar para nós
mesmos
Logo que eu comecei a trabalhar em
agência de propaganda eu via um certo glamour em estar sempre ocupada, abraçar
mais de dez projetos ao mesmo tempo, passar horas em reuniões intermináveis e
trabalhar até de madrugada. O que o tempo me mostrou é que, na verdade, eu
tinha a necessidade de me sentir importante e competente e todas essas
atividades me faziam sentir dessa forma. Quando você identifica a sua
necessidade primária, fica mais fácil entender o você precisa mudar em vez de
simplesmente aceitar que é assim que deve ser.
Quando eu percebi que para me sentir
importante e competente eu só precisava fazer meu trabalho muito bem feito, eu
passei a controlar o tempo das reuniões, a dizer não para projetos que não
faziam sentido ou que eu não conseguiria fazer com a mesma qualidade por estar
cuidando de outras coisas e, raramente, ficava até depois das oito e meia
trabalhando.
Mas, não é fácil reconhecer ou admitir
qual é o problema e qual é a verdadeira necessidade por trás de alguns dos
nossos comportamentos. Por isso, é inevitável começarmos a encontrar desculpas
para justificar o motivo pelo qual a nossa vida é do jeito que é.
Um filme que eu amo e relata isso muito
bem é "O Diabo Veste Prada". A frase preferida da personagem
principal, a Andy, é: "Eu não tive escolha.", sempre que tenta
explicar para todo mundo o por quê dela aceitar os absurdos vindo da chefe.
A grande verdade é que sim, sempre
temos escolha. O que acontece é que nem sempre estamos dispostos a lidar com as
consequências e por isso criamos mecanismos de defesa para nos auto-proteger.
Aqui vão algumas das mentiras que eu costumava contar a mim mesma até que
decidi mudar:
1.
Se eu tivesse mais tempo eu faria "isso".
Como "isso" entenda qualquer
coisa que você não faça por falta de tempo. Pode ser um curso de línguas,
exercícios físicos, sair mais com os amigos, ler um livro, fazer caridade, não
importa. Falta de tempo (e o trânsito) virou a desculpa universal para justificar
o fato de que não somos disciplinados quando o assunto é gerenciar as 24 horas
do nosso dia. Uma coisa que eu aprendi é que quando você REALMENTE quer fazer
uma coisa, você arruma tempo, por mais ocupado que você seja.
A questão aqui é que, ou você quer
muito uma coisa, ou você não quer tanto assim e o tempo não pode ser a desculpa
por você não fazer.
Eu sempre quis ter um corpo sarado
(#quemnunca). Toda vez que aparecia uma nova musa-com-o-corpo-mais-perfeito eu
ficava me sentindo mal e pensando que eu devia me dedicar mais na academia. Mas
sabe qual é a verdade? Eu gosto da ideia de ter um corpo sarado, mas eu nunca
quis acordar as seis da manhã e ir à academia sete dias por semana, nem tomar
shakes de Whey no café da manhã, nem comer batata doce no almoço ou claras de
ovos no jantar. E esse era o meu problema, mas eu sempre tentei me convencer de
que eu não era sarada porque eu não tinha tempo.
Aí você pode me dizer, "Mas Fê, eu
juro que eu não tenho tempo para nada, minha vida é trabalhar."
Eu acredito em você, mesmo! Só que ser
ocupadíssimo também é uma escolha. Nós investimos nosso tempo naquilo que é
importante para nós, por isso, se você está trabalhando oitenta horas por
semana, é porque tem alguma coisa que você queira mais do que tudo e que vai
ser resultado desse tempo investido no trabalho. E assim, você está deixando de
fazer outras coisas que no fundo não devem ser tão importantes assim.
2.
Se eu tivesse mais dinheiro eu poderia fazer "isso".
O dinheiro sempre foi a maior desculpa
para tudo na minha vida. "Não faço exercícios porque não tenho dinheiro
para academia. Não falo inglês porque não tenho dinheiro para pagar um
professor particular. Não mudo da casa dos meus pais porque não tenho dinheiro
para pagar aluguel". Um monte de bobagem. É claro que muita gente
realmente tem um orçamento apertado. Acredite, eu já fui essa pessoa um dia.
Quando pagava a minha faculdade, eu almoçava marmita para poder vender o vale
refeição e muitas vezes só o que tinha na minha carteira por semanas era o vale
transporte.
E justamente por ter alguma experiência
sobre o que era ter uma conta eternamente negativa que eu te digo que dinheiro
não é desculpa para não fazermos as coisas.
Usamos a falta de dinheiro para nos
convencer de que nossa vida não é incrível porque vivemos numa sociedade
injusta e desigual onde os ricos podem tudo e os pobres não podem nada. Mas eu
vou te dizer uma coisa, quer fazer exercícios? Todos os parques são gratuitos.
Quer estudar uma língua? Hoje é possível fazer isso de graça na internet
através de sites como o Duolingo. Quer viajar? Existem sites como o
Couchsurfing em que as pessoas deixam você dormir na casa delas sem ter de
pagar nada por isso.
É claro que estes são alguns pequenos
exemplos, mas são coisas das quais eu mais ouço as pessoas reclamando de que
não podem fazer sem dinheiro. Além disso, quando prestamos mais atenção em como
gastamos nosso dinheiro, fica mais fácil de fazer com que ele não desapareça.
3.
Se "isso" acontecesse, minha vida seria perfeita.
Aqui o "isso" pode ser
comprar uma casa, arrumar um namorado, ter um filho, ser promovido no emprego.
O nosso grande problema é que o "isso", nesse caso, nunca será
suficiente. É a lei da vida. O ser humano nunca está totalmente satisfeito com
o que ele tem e está sempre querendo algo mais para ser feliz. Parece que é
essa coisinha que falta que nos impede de ter uma vida completa.
O problema é que, quando estamos sempre
olhando para o que está por vir, deixamos de aproveitar e agradecer pelo que
temos hoje. Mas eu não vou te dar o conselho óbvio da auto-ajuda que é viva o
presente e agradeça pelo que você tem hoje. Minha dica é: use essa necessidade
que é inerente ao ser humano de sempre querer o que não tem como motivação, e
não como a razão pela qual você não é feliz. Aprecie o desafio de correr atrás
desse objetivo e deixe que isso te faça feliz e não que a falta
"disso" te faça infeliz.
4.
Eu mudaria "isso" na minha vida, se não fosse "aquilo".
Até pouco tempo atrás eu ainda morava
com a minha mãe. Como ela morava na Zona Leste e eu trabalhava na Zona Sul,
você que conhece São Paulo pode imaginar o inferno que era a minha vida no
transito todos os dias. Depois que o meu pai morreu, eu passei a ajudar
financeiramente em casa e conforme fui ficando mais velha, todas as vezes que
alguém me perguntava porque raios eu ainda morava na Zona Leste minha primeira
resposta era: "Eu adoraria mudar, mas eu ajudo a minha mãe e ela precisa
de mim". Na minha cabeça isso não era uma desculpa, era a verdade.
Quando eu finalmente decidi mudar e ir
morar com o meu namorado, eu percebi que eu estava usando o fato de que eu
ajudava a minha mãe financeiramente para mascarar o real motivo pelo qual eu
nunca me mudei. No fundo, eu não sou uma pessoa que gosta de ficar sozinha. Eu
gosto de chegar em casa e ter com quem conversar. Ao mesmo tempo, depois de uma
certa idade não fazia tanto sentido para mim dividir apartamento com amigas.
Além disso, se eu tivesse de pagar aluguel ou um financiamento imobiliário eu
não teria feito nem metade das viagens que eu fiz e que só consegui pelo fato
de morar com a minha mãe. Não podemos deixar que filhos, gato, cachorro,
dívidas, emprego, mãe ou pai doente sejam desculpas para aliviar o fato de que
não temos coragem para tomar algumas atitudes e lidar com as consequências que
elas trarão para as nossas vidas.
5.
Eu não vivo sem "isso".
Na maioria dos casos, sim, você vive.
Parece uma bobagem, mas quando decidi
que ia passar um tempo viajando algumas coisas ridículas começaram a me
preocupar. Por exemplo, eu tenho alergia a lâmina de barbear, por isso sempre
tive de fazer depilação. Como eu iria viver sem fazer depilação? Pois é, estou
viva e não estou nem peluda, nem perebenta.
Se tem uma coisa que eu aprendi nesse
pequeno período em que eu estou viajando é que para tudo existe um jeito e que
nós somos completamente adaptáveis. Não existe nada que você não vá se
acostumar a viver sem, desde coisas até pessoas. Certamente podemos passar por
um período de nostalgia ou saudade, mas depois de um tempo a vida se ajeita e
de alguma forma compensa aquela falta.
O que nos faz ter a sensação de que
"isso" é tão importante para a nossa vida ao ponto de não
conseguirmos viver sem é que, muitas vezes, colocamos em coisas ou pessoas a
responsabilidade da nossa felicidade.
A grande verdade é que nossa vida é
feita de uma enorme lista de boas intenções que resultam algumas vezes em
tentativas e muitas vezes erros. A boa notícia é que se você acordar amanhã,
existe uma nova chance de tentar mais uma vez ;).